Good-Bye, Chicago
Óscar Alves

Última incursão de Óscar Alves no cinema, Good‐Bye, Chicago foi rodada com o propósito específico de abrir o espectáculo com o mesmo nome no Scarllaty Club, em 1978. Assim, o filme procura ficcionar aquelas que terão sido as peripécias ocorridas nas semanas anteriores e que deram lugar ao espectáculo a que agora o público iria assistir, ao vivo.

Rodado sem som, Good‐ Bye, Chicago abre com a aterragem de uma avião privado no aeródromo de Tires, em Cascais, que transporta três divas, para grande aclamação de uma série de populares e fotógrafos que invadem a pista. As divas disputam a atenção dos fotógrafos presentes, ensaiando diferentes poses, não prescindindo mesmo da agressão física umas às outras de forma a conquistarem cada uma a ribalta. O tratamento de luxo da diva interpretada por Guida Scarllaty dá‐lhe privilégios de viatura própria, descapotável, onde, acompanhada do seu cãozinho e de uma garrafa de champanhe, segue rumo a Lisboa.

Uma avaria no carro deixa‐a apeada, tendo que recorrer à boleia das suas “rivais”, apertando‐se todas no banco de trás de um outro carro muito menos luxuoso, com direito a pernas e perucas de fora da janela durante o percurso. A sequência seguinte, com um carro de bombeiros e um corpo caído na estrada, faz adivinhar o que em breve se confirma num insert da capa de um jornal que noticia a morte das divas num acidente. Excepto a interpretada por Scarllaty... Rapidamente de volta ao activo, segue‐se um casting para repor o elenco do espectáculo Good‐Bye, Chicago. Vários travestis femininos, e uma masculina (o Tony, interpretado por Maria José, que também integrou o elenco do espectáculo), recebem uma missiva com o convite, que os apanha nas mais diversas circunstâncias: no meio da rodagem de um filme, num momento de intimidade, ou mesmo em plena mesa de operações, a meio de uma cirurgia. Para este segmento, Óscar Alves filmou uma sequência parodiando a peça de teatro A Verdadeira História de Jack, o Estripador (1977), em cena em Lisboa na altura e interpretada por Ana Zanatti e Zita Duarte. Na sequência final, todos e todas se reúnem no Scarlatty Club, e acaba o filme para se dar início ao Good‐Bye, Chicago. João Ferreira

/ Detalhes

Ano: 1978

País: Portugal

Língua: Português

Legendas: Sem Legendas

Elenco: Guida Scarllaty, Carlos Castro

/ Realização

Óscar Alves

Portugal


Nascido no Porto, estudou desenho, pintura e escultura com Maria Lúcia Carneiro e Oldemiro Carneiro, ao mesmo tempo que ingressa na Escola Superior de Belas‐Artes. É colaborador assíduo de uma das mais importantes revistas intelectuais da época, a Bandarra. Integra o elenco do Teatro Experimental do Porto (TEP), dirigido por António Pedro. Ao mudar‐se para Lisboa, expõe na Sociedade Nacional de Belas‐Artes (SNBA) e integra o elenco do Teatro Monumental, representando, ao lado de Laura Alves e Paulo Renato, O Amansar da Fera, de Shakespeare, entre outras peças. Começa a sua carreira na televisão, como principal intérprete de, entre outras, Dois Cavaleiros de Verona, de Shakespeare, e Falar a Verdade a Mentir, de Almeida Garrett. Com a poetiza Natália Correia, realiza na SNBA um polémico espectáculo de poesia surrealista. Por esta altura, as suas obras já integram o circuito de diversas galerias de arte. Nos anos 70 experimenta ainda a realização cinematográfica. Em 1980 abandona definitivamente o mundo do espectáculo, radicando‐se em Madrid.

Regressa a Lisboa em 1985, a convite da RTP, para dirigir um programa sobre artes plásticas e, um ano depois, outro sobre o mundo do espectáculo. Regressa ainda a Madrid para, com a TV Espanhola, filmar a retrospectiva de Salvador Dali. Desde então Óscar Alves já teve obras suas vendidas na Christie’s de Londres e de Nova Iorque e expõe regularmente na capital espanhola e em Itália. Com Domingos Oliveira, dirige a Galeria Atelier de Artistas, nas Twin Towers, em Lisboa. 


Filmografia

1978 – Good‐Bye, Chicago (Curta‐Metragem)
1978 – Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi (Longa‐Metragem)
1976 – Solidão Povoada (Longa‐Metragem)
1975 – Charme Indiscreto de Epifânea Sacadura (Curta‐Metragem)

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