Teve lugar esta noite, de sábado, dia 8 de novembro, às 21h30, a Noite de Encerramento do Queer Porto 11 - Festival Internacional de Cinema Queer, no Batalha Centro de Cinema, com a exibição em estreia nacional da longa-metragem britânica Hot Milk, de Rebecca Lenkiewicz – estreada em competição no Festival de Berlim em fevereiro último. Na cerimónia foram anunciados o prémio da Competição Oficial e o Prémio Casa Comum, que distingue a melhor curta-metragem portuguesa. Em seguida, o palmarés do Queer Porto 11:
COMPETIÇÃO OFICIAL
O júri composto pelo produtor e realizador da RTP Adriano Nazareth, a artista transdisciplinar AURA, e a produtora e cineasta Catarina de Sousa, deliberou:
Melhor Filme
A Natureza das Coisas Invisíveis, Rafaela Camelo (Brasil, Chile, 2025, 91’)
“Um documentário filmado a partir do arquivo íntimo entre mãe e filho num retrato comovente sobre identidade, migração e reconciliação, abraçando a sexualidade e reivindicando a multiplicidade de nacionalidades, como um eco de empatia e humanidade num tempo marcado por muros, guerras e genocídios.”
O prémio atribuído consiste na aquisição dos direitos de exibição por parte da RTP, no valor de 3.000€.
Menção Especial
Mea Culpa, Patrick Tass (Bélgica, 2024, 72’)
“Um filme singular que acompanha duas famílias na saída da toxicidade da cidade para a proteção do “sítio”, onde as almas se curam e se transformam. Trata-se de uma celebração sensível da passagem da vida e da morte em que o amor se afirma como a última forma de resistência.”
Prémio do Público
Queer as Punk, Yihwen Chen (Malásia, Indonésia, 2025, 88’)
PRÉMIO CASA COMUM
O júri, designado pela Reitoria da Universidade do Porto, e composto por Anabela Santos, assessora de comunicação de cultura da Universidade do Porto, Jorge Peixoto Freitas, psicólogo clínico e psicoterapeuta, e Telmo Fernandes, investigador em sociologia e psicologia, deliberou:
Melhor Filme
O Cemitério de Insetos, Alex Simões (Portugal, 2025, 20’)
“Filme experimental, que nos interroga de forma inovadora sobre o luto e a morte, temas ainda tabu. Lança-nos questões existencialistas, revisitando lugares e memórias de infância, ressignificando esses espaços numa busca identitária e de transformação da perda.”
O prémio atribuído, no valor de 500€, é patrocinado pela Reitoria da Universidade do Porto.
Numa parceria com a Reitoria da Universidade do Porto, o Prémio Casa Comum trata-se de uma competição exclusivamente dedicada a curtas-metragens portuguesas de temática queer, que chega assim à sua quarta edição no presente Queer Porto 11. Inaugurado em 2021, este prémio surge, por um lado, do incremento da produção cinematográfica em Portugal de filmes dedicados a esta temática e, por outro, de uma necessidade de divulgação destas obras junto do público do Porto. Destaque assim, na presente edição, para o cinema nacional, com a estreia mundial de dois títulos – o documentário Outlasting – Living Archives of Older Queers, da investigadora Ana Cristina Santos e do realizador Nuno Barbosa, e a curta-metragem documental The Immovable Structure, da artista visual e cineasta Juliana Julieta – bem como a estreia nacional de duas curtas-metragens – O Cemitério de Insetos, da artista visual Alex Simões, e Erasure, da artista Fá Maria.
O 11º Queer Porto apresentou um total de 40 filmes, divididos por 27 sessões de cinema, ao longo de cinco dias, com a participação de 37 convidados - entre cineastas, actores, panelistas e jurados. No seu conjunto, as sessões e conversas divididas entre o Batalha Centro de Cinema, Casa Comum (Reitoria da Universidade do Porto) e Passos Manuel resultaram numa afluência de cerca de 1.800 espectadores, para além das festas de abertura e encerramento no Bar of Soap e Passos Manuel, respetivamente.
Com programação fortemente influenciada pela conturbada situação política e social internacional, o Queer Porto 11 acolheu e promoveu um cinema ativista e de denúncia, mas também um cinema de cunho mais pessoal, atravessando temáticas como as do trauma e da superação, da família e demais redes de apoio, das identidades trans, numa linha curatorial que realçou de igual modo questões ligadas à resistência social, às ecologias queer, e ao papel transformador tanto da criação artística quanto da cultura de clubbing para a comunidade queer, celebrando o rico espectro das vivências LGBTQIA+ e esse poder transformador que um olhar queer pode ter sobre o mundo.
Encerrada mais uma edição do Queer Porto, estão já confirmadas as datas do Queer Lisboa 30, edição especial do festival, a ter lugar de 18 a 26 de setembro de 2026, no Cinema São Jorge e Cinemateca Portuguesa. O Queer Porto regressará em 2026, em datas a anunciar.